QUEDA DE CABELO
Os cabelos são a característica mais marcante e variável dos seres humanos sendo fundamentais para a identidade pessoal. O tipo de corte, o modo de pentear ou de pintar os cabelos são maneiras que cada um tem para mostrar sua individualidade. Para muitos, queda de cabelo ou perdê-los (mesmo que pouco) é uma alteração grave.
O cabelo é produzido pelo folículo piloso. Os adultos têm, em média 5 milhões de folículos pilosos espalhados pelo corpo, dos quais 1 milhão se encontram na cabeça e aproximadamente 100 mil cobrem o couro cabeludo. Nos humanos somente a pele das palmas das mãos e plantas dos pés são desprovidas de folículos pilosos.
CRESCIMENTO CAPILAR
Os cabelos crescem de forma descontínua e cíclica, intercalando fases de repouso com fases de crescimento repetitivas, de modo que os fios encontram-se sempre em estágios diferentes em seus ciclos de desenvolvimento.
Os fios crescem, em média, de 10 a 20 cm ao ano. A velocidade normal da produção do pêlo é de 0,35 mm/dia e geralmente varia de 6 mm a 1,2 cm/mês. Essa velocidade vai depender da localização do folículo piloso, da idade e do sexo do indivíduo.
FASES DE CRESCIMENTO CAPILAR:
FASE ANÁGENA : é a fase de crescimento ativo normal. Determina o comprimento do pêlo. Essa fase tem duração peculiar para cada indivíduo durando entre 2 a 8 anos. É nesta fase que se encontram 80 a 90% dos cabelos.
FASE CATÁGENA: vem após a fase anágena e se caracteriza por um breve período de regressão controlada do fio durante a qual o pêlo para de crescer. Dura de 2 a 4 semanas. É a fase mais curta.
FASE TELÓGENA: é a fase de repouso e queda do folículo. O cabelo está morto e pronto para ser eliminado do couro cabeludo. Tem uma duração de 2 a 4 meses e 10 a 15% dos cabelos encontram-se nesta fase.
A duração e velocidade do crescimento do pelo na fase anágena varia nas diferentes regiões do corpo, em diferentes indivíduos e em várias idades. Sobrancelhas, cílios, apresentam fase anágena curta, enquanto couro cabeludo e barba esta fase é relativamente longa.
INFLUÊNCIAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DOS FIOS
Vários fatores influenciam a textura, cor, curvatura, densidade e o crescimento dos cabelos:
- Influência hormonal: os hormônios modificam o crescimento dos cabelos na puberdade, gravidez, menopausa, terceira idade e em doenças glandulares, como tireóide.
- Influência nutricional: uma alimentação carente em proteínas, vitaminas e gorduras insaturadas alteram os ciclos capilares.
- Influência química: muitas substâncias e medicamentos influem no crescimento e na perda dos cabelos
- Influência psíquica: transtornos emocionais ou estresse intenso podem originar perda dos fios.
- Envelhecimento: com o avançar da idade ocorre uma diminuição importante dos fibroblastos que são responsáveis pela produção do colágeno. Além disso ocorrem alterações decorrentes dos radicais livres que agridem as células do folículo piloso. Isso tudo resulta de fios mais finos e diminuição da quantidade de fios nos cabelos.
QUEDA X ALOPÉCIA
Em condições normais perde-se até 100 fios de cabelo por dia. A condição resultante desta queda é o que chamamos de alopecia.
Tipos de alopecia:
1 – Congênitas: má formação ou alteração genética com ausência ou atrofia do folículo piloso.
2 – Adquiridas : – cicatriciais: há destruição permanente do folículo. São definitivas, por exemplo, queimaduras, traumas, infecções, etc
– não cicatriciais: não há atrofia do folículo. Por exemplo: eflúvio telógeno, alopecia androgenética, alopecia areata, etc.
Meu cabelo está caindo ou estou ficando careca ?
A queda do cabelo é uma queixa frequente no consultório. Existem duas maneiras de abordar esta queixa.
Primeiro: o paciente que diz “meu cabelo está caindo”.
Na realidade esta expressão pode ter algumas interpretações:
1 – Realmente existe um aumento na quantidade média de cabelos que caem diariamente e que pode ser por problemas agudo que agem rapidamente (como no eflúvio anágeno, comum em pacientes que fazem quimioterapia) ou por problemas que atuam de forma lenta e gradual (como no eflúvio telógeno, comum no stress, por uso de medicação, pós parto) que veremos mais adiante.
2 – Após uma manipulação cosmética qualquer nos cabelos (por exemplo, tratamentos químicos como tintura, água oxigenada, etc) o paciente nota um aumento significativo em sua perda de cabelos e na realidade não se trata de uma verdadeira queda de cabelos e sim uma quebra dos fios.
3 – E por último o paciente te uma verdadeira obsessão e por menor que seja a queda, para ele significa um verdadeiro transtorno. Comum no envelhecimento em que há de forma natural uma diminuição na quantidade e qualidade do cabelo.
Segundo: o paciente diz “estou ficando careca”
Neste caso o paciente nota com o passar dos anos uma diminuição da quantidade de cabelos. Essa é a alopecia androgenética muito comum em homens, mas que também pode atingir mulheres. A rarefação dos cabelos ocorre gradualmente ao longo dos anos.
Abordando uma das maiores causas de queda de cabelos no consultório:
Efluvio Telógeno:
É a perda transitória dos cabelos devido a alteração no seu ciclo de vida. O paciente se queixa de perda aumentada dos cabelos que pode ser acompanhada por graus variados de rarefação. O evento precipitante que leva a queda aumentada dos cabelos, pode ter ocorrido 6 a 16 semanas antes do início da queda.
No eflúvio telógeno há um aumento dos pelos na fase telógeno (repouso e queda dos cabelos). Quando a causa é removida, a queda dos cabelos se resolve nos próximos meses. O volume dos cabelos pode levar de 6 a 12 meses para voltar ao normal.
Condições que levam ao eflúvio telógeno:
– pós parto: a gestante perde menos cabelos do que perderia normalmente caso não estivesse grávida. Em um período de 2 a 3 meses após o parto muitos fios entram em uma fase de repouso do ciclo, o que leva a quantidade aumentada de fios em pentes e escovas. Este fato pode durar de 1 a 6 meses e é autolimitado na maioria dos casos.
– após algumas doenças febris: após quadros de gripe ou infecções pode ocorrer um aumento da queda. Este quadro se corrige espontaneamente.
– alimentação inadequada e dietas: dietas hipoproteicas ou hábitos alimentares anormais faz com que o corpo economize suas proteínas o que faz com que os fios que se encontram na fase de crescimento passem para a fase de repouso. Passado 2 a 3 meses pode haver uma queda maciça dos cabelos. Esta condição pode ser revertida com quantidades adequadas de proteínas na dieta.
– deficiência de ferro: algumas pessoas não ingerem ou não absorvem adequadamente o ferro. Mulheres com período menstrual de volume ou duração prolongada, também podem desenvolver esta deficiência.
– deficiência de zinco: podemos descobrir esta deficiência dosando o zinco no sangue. O tratamento se faz repondo esta deficiência através de medicações orais.
– stress: o stress constante e por causas emocionais como morte de alguém conhecido, separação, etc, pode levar a queda.
– algumas doenças sistêmicas como lúpus, diabetes não controlada, hiper ou hipotireoidismo, hepatites, deixam os cabelos fracos e levam a queda aumentada.
– uso de alguns medicamentos como para tratamento de gota, artrite, depressão, hipertensão arterial, problemas cardíacos, etc, alteram o ciclo de vida dos cabelos e levam a sua queda.
– Pílulas anticoncepcionais: o início do uso da pílula e a sua interrupção podem levar a queda de cabelos. O fato ocorre de maneira semelhante ao pós parto.
Todas essas causas levam a uma perda transitória dos cabelos que pode ser corrigida corrigindo o problema em questão. Na abordagem do paciente devemos pedir exames sanguíneos, questioná-lo sobre as possíveis causas e propor o tratamento adequado.
